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Um par de roxinóis sente carinho por mim;
devo abraçá-los até se sentirem agoniados
ou devo investigar sobre árias que veneram
para lhas oferecer sempre que os vir?
Vê-los-ei, mudando devagarinho tipo improviso
à medida que o texto passa altera-se o tempo
– não sou a árvore em cujo ramo habitam
nem a palha do ninho que juntam nas estações,
nem a cinza dos incêndios de seguros de tantos
carvalhos queimados no Verão – não sou
o exército que os devia apagar, nem São Pedro,
nem o refrão que nos interrompe ao ligar o rádio
– também nunca serei cálice ou pedaço de pão
muçulmano partido irmanamente entre apóstolos;
sou talvez seringa usada na margem dum prato
de sopa de feijão dalgum adicto ao Intendente.
Após vaguear entre vulgares restos luteranos
comuns à Natureza concluo que não sou ser vivo,
mas poderia ser o Santo Graal da Humanidade
– perfeito exemplo do quão escorregadio e débil
se pode atingir, sem nenhum objectivo, detentor
de tudo o que existe somente para lhe virar a face
– venham roubar este ego fraco que não existe
porque amamentado foi desde que nasceu;
nunca passou fome nem comia o oferecido;
nunca quis colónia de férias nem diversão de feira;
só novidade desvalorizada provoca a megalomania
de acreditar que nem tudo é conhecido; e persisto…
Poucos são os rouxinóis que suportam tal companhia;
não dizem nada está claro – sabem que vim d’Arca
que adultos resguardam mas nada mais – sinto-me
abstémio e dilacerante, fugaz à presença inexistente
– sabe bem furar-me assim – tossindo até intoxicar;
fingir nada suceder quando por dentro estou alegre;
querer risada contente por tudo quanto finjo existir.
Ora – quer silencioso ou espirituoso – esta voz
vive d’insegurança; ouve nozes estalarem como
opiniões imediatas cuspindo a gosma que rejeito
– não se trata de acosma hipersónica – são como
veios infectados de plantas a caminho da sorte.
Demora tantos anoiteceres até perder a cor –
não me mexer para buscar água castanha mirrada
ouvindo o ranger de tractores à porta de casa
esfolando a disposição da paciência gasta em ganhos
– esfaqueiam-se fetos de sete meses sem pestanejar;
é esse o azar apaixonado de ter esperança aqui
deixando-me enganar-te com tais truques anémicos –
não queiras conhecer esta espécie não identificada
– é mais simples sofrer que divertir-me; ostentar
interesse é futilidade que já esgotei de alcançar.
Contradigo com cio teus sentimentos por mim;
às vezes o vazio escapa-se mas é sem querer
– não quero solidariedade nem escárnio –
sou escroque sem coração para pulsar; só
queria que não me concedessem importância;
deixem-me estar a vosso lado comentando
a palhaçada, mais nada – o espírito é irreptível
mas o hábito assume qualquer identidade –
deixo de poder ser aquele Ele – tilintar ouvido
perdeu-se no espaço – quando aprendeu a falar
escutou alguém que o abraçava, foi-se com a brisa
deturpada pela civilização; sem alma que viaje ou
muito menos participe – faz tu que avalio sozinho
tais alvéolos misteriosos de lama e lascividade.
Deixo-me brilhar nessa rua como adjectivo galardoado
suspirando por elogios que são tão bons; sonhar colmeias
cheias de malícia, tormentoso mel, vai contagiar o
seu primeiro período menstrual registado nas termas
– velinhos sempre disseram que adoro o meu enxofre
com graça e suavidade únicas – tem tanto jeitinho;
mais uma carícia na lombada dos caracóis asquerosos
que minha mente forma e voilá; cada vez mais farto
de falsidade – deitem-me abaixo como a um escravo,
serei melhor assim – deixem-me falar aos gritos no
metropolitano, embrenhado em brincadeira repetitiva
– estou cansado de ouvir nãos como apitos de árbitros
por faltas inexistentes – eles bem sabem que é fita
tal como na escola infantil; cada professor tem
suas características que nós usurpámos – depois
ainda te atreves a constatar que sou bom a algo
que qualquer macaco de laboratório poderia imitar
– vou guardando tabuadas em casacos de couro,
cada veracidade d’emoção que atingi sem ajuda.
Exacto, culpo a energia eólica, os mísseis inteligentes,
as térmitas que acusam para si crimes que inventei
– fizeram com que este peito ficasse baralhado
sem saber contra quem haveria de libertar a escalada,
sua vingança inútil nunca concretizável – olha agora
apareceu; sou mesmo tu a levar com o aftershock;
testemunho no papel que apanhei umas palmadinhas
com materiais químicos voltados contra o aprendiz
– sofro com projectos de grupo que recusei – requer
prática viver demência e bebê-la toda num cocktail
extra-chourição, sem sentir ardor, dum só trespassar
lá se foram meus pais; tornaram-se heróis inactivos,
todo-o-medroso só frágil frente ao suícidio e ao vício
que não ouvem – a mim é que não surpreende –
somos camaradas que nunca receei só que
basta não pousar o copo no sítio demarcado
pela insanidade de bússolas passadas que
apetece logo matar-te duma vez só; peditório:
vou limpar-me, dar eternas piroetas até satélites
com um galho tremido que só resmungue para
provocar silêncio no casario em estado anormal
– dispensa e deita fora, o bébé que coma,
é tudo para ti, não existe separação para não
ficares sem a estabilidade aglomerada que rejeitarás,
– acho piada, a ninguém lembra dialogar
sobre o que mete arrepios; só sobre apanhados,
acontecimentos caricatos, tropeçarias, enganos,
infortúnios não demasiado trágicos, som basta
para entreter até serem horas d’irmos dormir
até amanhã ir trabalhar queixar-me do quanto
vejo e logo desprezo sem solução – mas mas –
viste como aquele palhaço olhou para mim?
Quem é que ele pensa que é afinal?
Lá por escrever umas quantas baboseiras libertárias
deve crer que vale alguma coisa neste paralelípipedo
– onde é que já se viram tantas coisas destas?
Familiar não? Desde que tenha ginja e chocolates
a atitude mudaria num repente; ninguém se recorda
do cubista mal-amado que, a cada golpe de vista,
pode assumir culpas já que ninguém se acusa
– não me custa mesmo nada, nem precisas de pedir,
deixa-te estar, não importa – não tarda é madrugada,
qual incómodo, chama-se verborreia meu querido e
tudo simplesmente renascerá tranquilamente idêntico;
achas que te lembras de quando eras rapaz? Nenhum
entendimento é importante como um encestar vitorioso
– com foguetes e trocadilhos num forno comunitário –
dá-me essa sangria, assério toca a assar essa linguiça!
Nada precisa de pensar em parár, aqui há obrigações!
Dá azia olhar-me de raspão numa das lantejoulas
da bailarina exótica contratada – até gostava
de me conhecer, devo ser interessante, sou de cor
curiosa, pareço sempre estar a pensar em qualquer
assunto bem dentro do vulgar e esqueço o começo.
Assim divago almejando fórmulas quebradiças –
da indiferença não resultará nenhuma poção futura
portanto não ligues ao que anseio fervorosamente
– pelo dia em que me calarei definitivamente –
verei os rouxinóis a corarem de alívio e satisfação
só por me verem a seu lado, como bem entender…
Donde virá a necessidade pura de me repetir
perante nulidades d’absorção, nada planeei e
aqui estou exposto, passando a limpo o ano passado,
talvez telha que inquiri quando passou o tédio infantil
de cair pelos móveis abaixo em saltos mortais,
cansado de tudo tanto que nem reparo e repito,
abrigos debaixo da mesa com o vizinho amigo,
no quintal de gesso da sorte única, centopeias e
bichos-de-conta pude conhecer, esborrachados
limei as proposições que foram a mais, pois
devo é achar-me o máior mouro desta cavalariça,
puxando d’arco e flecha para encontrar
alguéns que possa assimilar hoje, re-editar
umas quantas mixórdias divertidas onde
nem sequer estive, foi na metrópole que
nós acontecemos, fugir do taxista sem ter
coragem de dialogar outra inacção, ai qué
qualquer coisa tão especturosa não conseguir
cessar o entusiasmo aqui fechado do escritor,
bem, guardarei trunfos quadriculados para quando
estivermos todos a pensar em aborrecimento,
acredito mesmo que vos leio à vista curta,
primeira frase ou tremelique já rotulei,
será mesmo, ironia malandra tortura maldosa,
posso mentir à vontade e rir sem interrogar;
o que é que achaste? Gostaste?
Vou calar-me como ouvinte erudito,
não há som nem ilustrações e pagaram
à Mesopotânia para que ela nos tocasse,
alterasse, conquistasse, i d e n t i f i c a s s e,
quando já fizeram pior com mal menos traças,
portanto pronto, cá vou eu para o que vim:
estou com muito sono, ouço-os cantar mas
já de noite piavam porque as luzes atrofiam
seu ecossistema natural, viver de dia é a lei,
inteligência perde-se em abusos inconscientes,
estou aqui quase obrigado por meu eu, não sei
qual será a razão, tenho filmes noite inteira e
preciso de descalçar este rascunho para matar
insónia nas cábulas, socorro, será imaginação
tal satélite imediato, qual bandeira refugarei
na panela de pressão escaldante consoante a
bagatela das impressões que me agarram até ti,
imortalizo-a antes que todo o papel seja comido
por marasmos constrangidos da nova realidade
perene aos sussuros d’azar vinte e quatro horas,
é política o suspiro da vítima sem leimotif e
será variedade fruto de soluções idênticas, vem
mera simplicidade defrontar o tic-tac estabelecido;
posso manipular este espaço desbravado e
injusto, tenho pais, tenho tudo, nada expresso,
não preciso, porquê então, soa mais profundo lido,
Pessoa já entendeu isto, que faço eu agora,
desenvolvo cada futilidade mergulhada mesmo
que nem sequer mexa em imagens alienadas,
posso mostrar Sícilia e suas vinhas com bichos,
dar exemplos para afastar tentação, abafar tantos
artigos conjuntivos insalubres, colhões de galo,
cor roxa da passerelle faz sempre falta, a quem faço
eu falta, sempre aqui isolado preciso de transmorfar
e irritar-me com rainhas de Inglaterra mal penteadas,
dando azo a não querer morrer distraío-me lendo
biografias sem-nada-a-perder, livres impossíveis ainda,
pouco exercício faço mas estou pronto para tudo
caminhando urbano olho, participando com palmas
na inércia activa da pseudo-intelectualidade cultural,
consumo-me desperdiçando tempo quando a resposta
tonta ficou receosa na traqueia dum esófago a cheirar
a humus-sarcofagus, engolindo traumatismos que
muitos mineiros e pescadores cuspiriam com fervor;
não tenho presença de espírito para ofender-me
com alguém porque nunca me considerei ninguém,
devia educar-nos com projectos perigosos, cravar
e implorar por migalhas de maçãs, perdendo
justamente a calma que nunca tive, sou rodeado
de escarra ensanguentada, pulmão fino acelerado
desaparece de vez para te chorar já, mal me mexo,
sinto-te gordo e pachurrento, teletransportado por
ante o vazio da lentidão pensativa das esplanadas de
caras onde aguardamos pela expulsão, não faço parte
da classe que poderia e ando desanuviado de desespero
por nunca ser o escolhido, se me tivesse imortalizado
em energia poderia implementar tais boas intenções,
diz-se que ilumino a matéria caso queira, se acordar
e escolher o destino corropio a concretizar cozido,
muita concha pontiaguda poderia entreabrir
graças a vôos vociferantes de verborreia feliz, deslizo
no riso desbarata-caro d’inocência merecida, à vista
brincalhona, sei lá o que é que é transmitido,
só vejo máscaras carrancudas a julgar minhas
patetices sóbrias e imaturas, brinco e violo
australianas entretanto, serigrafia de vultos surreais,
tanta coisa, carta ao reitor, núcleo de rádio,
nada de responsabilidade nem horários galácticos,
vislumbro sempre verdades universais e atinjo-me
expondo desconfiado quanto somos similares
dentro de tamanhas disfuncionais guerrilhas,
uns emocionados, outros compenetrados à raíz,
ainda aqueles plainadores e derrotados anavalhados;
sei aproveitar tudo, é sempre positivo meu negativismo,
pés decepados, órbitas mastigadas, raciocínio mal
orquestrado num pranto sarcástico, olho o interlocutor
e apercebo-me que não estou em casa afinal,
bebemos gin de pêra na praia gelada e chapinho
no regorgitado colorido, negligenciei meu estomâgo
para mostrar à beleza loira que também sou divertido,
confessa ejaculações prolongadas do seu namorado
de corte de cabelo estipulado, de certeza que morrerá
assustado com o facto de ir terminar agora, não engasgo,
comento ocasional indirectas o suficiente esquivas
para parecer sempre um gajo muita porreiro mas,
os nervos da preguiça pretendem apodrecer em
versos e corroer eterno, da rótula ao antebraço, estes
olhos tão tão chorosos de vida esvívida que evito,
nadou nua entre os caralhos de corvinas e espadartes,
agarrada às baleias-líder que dirigem as suposições
mais filosóficas da mãe domesticada, fica engraçado
espalhado pelo diário pessoal de cada raia rabiscos
de nossas adolescências apressadas, não precisas
de crescer até à discoteca tão cedo, vais-te fartar
das prostitutas com vícios-estratagema pela corrente
inevitável do convívio completo já sem efeito algum,
agora, processa cérebro arrebate triunfal para embasbacar
a mensagem sem fé inimiga d’obstáculos autocráticos,
que assim se arrasta desde que me lambo e relembro…
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